Bom dia, hoje o blog linha de vida apresenta mais um assunto sobre trabalho em altura, aguçando a curiosidade e o despertar dos assuntos relacionados a acesso por cordas, também conhecidos como Alpinismo ou Escalada industrial (onde não pode relacionar com qualquer atividade esportiva - Figura 1), que já é utilizada há pelo menos 20 anos nos EUA e Europa, mas vem ganhando espaço no Brasil por proporcionar mais segurança nas tarefas, redução de tempo e custo dos serviços. Veja o artigo abaixo.
"Introdução
Detectabilidade e previsibilidade
são temas diretamente ligados à atividade da inspeção de equipamentos, para o
alcance de campanhas operacionais mais seguras, garantindo assim resultados
confiáveis que irá gerar melhor controle dos custos serviços realizados em
menores prazos, de forma segura e baixo custo. Mas, para isto acontecer é
necessário termos os equipamentos nas mãos, significa valer-se das tecnologias
e práticas consagradas existentes a fim de obter o máximo de dados e
informações, para melhor avaliá-los, veja Figura 02. Porém muitas vezes o acesso e/ou a forma
geométrica do equipamento é um fator que dificulta e encarece a execução das
tarefas de inspeção.
Este trabalho apresenta a
aplicação da técnica de Alpinismo Industrial, praticada hoje em algumas indústrias,
abordando os cuidados necessários quanto à segurança, capacitação de pessoal,
análises de riscos necessárias devido à execução do serviço em paralelo com
outras atividades e as diversas especialidades, vantagens e desvantagens. Além
da Inspeção, essa técnica permite hoje um melhor retorno nas atividades de
soldagem, pintura, caldeiraria, operação e outras.
1 - Consideração Geral
O Alpinismo Industrial é uma
técnica opcional de trabalho em altura, que combina as mais avançadas técnicas
de acesso a locais elevados e em ambientes confinados, utilizando cordas e
equipamentos específicos de descida e ascensão veja Figura 03), em serviços onde envolva risco
de queda e/ou acesso difícil. Possibilita a diminuição no tempo dos trabalhos
gerando um aumento de produtividade e diminuição nos custos, tudo de acordo com
os padrões de segurança estabelecidos pela Norma Regulamentadora -18 (Condições
e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção). Apesar da utilização
de cordas e equipamentos especiais como meio de acesso, o Alpinismo Industrial
nada tem em comum com qualquer atividade esportiva que se assemelhe. Não há
busca de adrenalina, nem aventura, o Técnico Alpinista visa apenas à execução
do seu serviço com segurança e qualidade.
É uma técnica que já vem sendo
utilizada na Europa há pelo menos 25 anos, e no Brasil a 10. É também conhecida
como, Acesso por Corda (ACC) ou Escalada Industrial.
2 -
Segurança e Equipamento
Todos os
EPI s e elementos que compõem os equipamentos do Alpinismo Industrial são de
última geração e certificados pelo Ministério de Trabalho (CA), Comunidade
Européia (CE), Associação Nacional Americana de Proteção contra Incêndio (NFPA)
e União Internacional das Associações de Alpinismo (UIAA) veja Figura - 02. Oferecem maior
agilidade nos movimentos do alpinista no deslocamento entre um ponto a outro
com conforto e segurança.
O
alpinista industrial realiza os trabalhos, suspenso por duas cordas, sendo uma
de suspensão (trabalho) e outra de segurança. A corda de suspensão permite,
mediante a utilização do material adequado, deslocar-se em sentido descendente
ou ascendente. Todos os aparelhos de progressão são auto-blocantes. A corda de
segurança, junto com o cinto de segurança, talabarte duplo com absorvedor de
energia e o dispositivo trava-quedas, completam o equipamento de proteção
individual antiqueda.
O local da estrutura onde as
cordas serão instaladas pontos para ancoragem é previamente inspecionado quanto
à solidez (veja o exemplo com as linhas de vida nas Figuras 05 e 06). Cada corda se encontra presa a pontos de ancoragem diferentes e não
comportam nenhum outro elemento, sendo estes os principais, junto com o caráter
auto-blocante dos equipamentos de progressão e segurança, o que elimina a
possibilidade de queda por um erro mecânico ou humano. Pontos quentes e
cortantes são verificados ao longo da via de acesso para que as salvaguardas
necessárias sejam instaladas.
Um talabarte duplo com absorvedor
de energia é utilizado por cada alpinista, a fim de mantê-lo sempre preso
durante a manobra de abordagem posicionamento com as cordas de trabalho e
segurança para iniciar a descida pela via de acesso. Todas as ferramentas e
acessórios utilizados pelo alpinista para realizar a sua inspeção são amarrados
à sacola, para que não caiam caso escorreguem das mãos durante uma tarefa ficam
penduradas. A área abaixo onde será realizada o serviço de alpinismo, é
devidamente isolada e sinalizada. Todos os EPI s e acessórios são inspecionados
antes e após a conclusão de cada jornada de trabalho, quanto as suas condições
físico-operacionais pelos próprios profissionais que utilizarão estes
equipamentos.
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Figura 07 - Funcionários fazendo a checagem um do outro. |
Antes de iniciar qualquer serviço
os alpinistas fazem a autochecagem dos seus EPI s, e são checados novamente por
outros membros da equipe veja Figura 07 . Para qualquer serviço onde irá ser empregado o
Alpinismo Industrial, é realizado uma Análise Prévia de Risco para identificar
os perigos, causas, modos de detecção, efeitos, atividades executadas em
paralelo, e as recomendações necessárias para que a tarefa possa ser executada
com segurança. Geralmente participam desta análise, os profissionais das
seguintes atividades: Processo, Planejamento, Segurança Industrial, Manutenção,
Inspeção e Alpinismo.
Após conclusão das análises é
gerado um documento constando às ações e recomendações decididas, o qual é
divulgado a todos os envolvidos nos serviços. Essa análise de risco tem que ser
sustentada por uma técnica conhecida e consagrada, como matriz de riscos, e
deve ser rediscutida, toda vez que a condição inicial dos serviços forem
alteradas, principalmente no que se refere a agentes externos e alterações
climáticas. O número da equipe de alpinismo varia em função do tipo de serviço
e grau de dificuldade que este possui, porém a equipe mínima são dois
alpinistas. Este número deve ser pré-estabelecido durante a analise de riscos,
inclusive os instrumentos de comunicação a serem utilizados.
3 -
Posicionamento e Acesso
As técnicas de posicionamento e
acesso no trabalho com alpinismo industrial não só contribuem para prevenir
acidentes, mas também aumentam a produtividade. Elas permitem não só com que o
profissional se concentre melhor sobre a tarefa que irá realizar, mas oferece
também um nível muito alto de segurança. Os tipos de acesso que são utilizados
no Alpinismo Industrial podem variar de acordo com o serviço a realizar,
tomando como base à forma geométrica e acessibilidade do equipamento objeto da
inspeção, são eles: Escadas e plataformas, andaime, escada mecânica, tirolesa
(consiste em passar uma corda de um lado ao outro, para efetuar uma travessia
horizontal) e criação de um acesso (conquista) - veja figura 08.
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Figura 08 - Tablado para montagem de andaime. |
4 - Qualificação de Pessoal
Para a execução de trabalhos em
altura com a técnica do Alpinismo Industrial, os profissionais deverão estar
fisicamente aptos, treinados, qualificados e com conhecimentos específicos de
todos os equipamentos usados nesta atividade. Como toda técnica, faz-se
necessário garantir a capacitação do pessoal envolvido, sendo indispensável que
o Alpinista Industrial também esteja qualificado e capacitado nas atividades
que irá desenvolver, seja como inspetor de ensaios, equipamentos, qualificação
necessária para o serviço, veja Figura 09 para melhor clareza dos fatos.
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Figura 09 - Treinamento, simulado e manutenção. |
5 - Relação Técnico - Econômica
Vários são os fatores que estão
levando a expansão do uso do Alpinismo Industrial na inspeção de equipamentos:
necessidade de reduzir os custos, obrigação de atendimento aos prazos inspeção,
redução nos índices de acidentes, busca por novas tecnologias, credibilidade
nos serviços executados, confiabilidade e disponibilidade dos equipamentos objetos
da inspeção.
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Figura 10 - Tabela de comparação de custos e tempo. |
5.1 - Caso 1
A tabela da figura 10, compara o custo
e o tempo entre o Andaime e o Alpinismo Industrial para executar a tarefa de
inspeção em tubulações que descem ao longo de um vaso. Para o cálculo foi
considerado a montagem de um andaime simples de 4 x 2 m, inspeção visual
externa em 5 tubulações pintadas sem a remoção das braçadeiras para inspeção.
Não considerado o tempo de desmontagem do andaime; na coluna do alpinismo é
considerado o tempo total (montagem, inspeção e desmontagem).
Tabela montada utilizando custos
reais. Não considerado para este cálculo que algumas empresas têm como norma de
segurança, montar um tablado em volta da região onde será montado o andaime,
para proteger instrumentos ou equipamentos importantes no processo. Neste caso
o valor do andaime aumentaria em pelo menos 35% a mais. Não foi colocado os
valores em Reais, por questões éticas. Como pode ser observado a economia
utilizando o Alpinismo Industrial é substancial.
Com posse
da tabela (veja figura 11) , se tivéssemos de inspecionar as tubulações que descem ao longo
de uma torre de 40m e = 3m, e que as mesmas estão distribuídas em 1/2 perímetro
dela, será que utilizaríamos o andaime para esta tarefa?
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Figura 11 - Utilização da montagem de andaimes ou apinismo industrial. |
5.2 - Caso 2
Inspeção em 29 suportes de mola
geminados (G), instalados a uma altura de 10 m cada. Foi utilizado o alpinismo
industrial, para acesso aos suportes, o que gerou uma economia de 85%
comparando se como o custo de andaime.
Vale lembrar que a quantidade de
funcionários para montar o andaime seria maior, o que aumentaria a exposição a
acidentes, tanto em pessoal como em material. Ver tabela a seguir.
6 -
Aplicações na inspeção de Equipamentos
O Alpinismo Industrial vem sendo
utilizado na inspeção de equipamentos, tanto nas inspeções externas como
internas, visual, sob isolamento (onde temos a corrosão silenciosa), execução
de END s em geral) em todo tipo de equipamentos e estruturas: Vasos, Tanques,
Esferas, Cilos, Caldeiras, Chaminé, Plataformas Marítimas, Flare, Estrutura
Metálica, Torres de Alta Tensão, de Rádio, de Telefonia, Viadutos, Pontes,
Prédios, Tubulações, etc (Veja figura 12).
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Figura 12 - Inspeção em ambientes confinados utilizando técnicas do alpinismo Industrial. |
7 - Informações Complementares
Na Europa as empresas de
trabalhos verticais estão agrupadas em associações: Espanha ANETVA Grã-Bretanha
IRATA, França SNETAC, Alemanha FISAT. No Brasil ainda não foi criada uma
associação que agrupe as empresas que executam trabalhos verticais.
Vantagens
- Sem
limite de altura de trabalho operacional.
-Diminuição
do custo operacional em função do menor número de profissionais envolvidos.
- Aumento
da qualidade do serviço e melhoria no ambiente de trabalho,
-
Dispensa o uso de andaimes tubulares ou suspensos.
-
Diminuição de risco, com profissionais treinados para resgate de peças,
equipamentos e pessoas.
- Maior
agilidade de mobilização. Em caso de emergência a saída do local é mais segura
e garantida.
- Não
necessita de estruturas pré-construídas.
Desvantagens
- Em céu
aberto algumas atividades não devem ser realizadas sob chuva
- Nenhuma
atividade paralela poderá ser executada onde o acesso está sendo realizado
8 - Glossário
Ancoragem - local da estrutura que
oferece sustentação para os sistemas de segurança contra quedas. É onde são
aplicadas as forças no caso de uma queda, tração, suspensão ou
posicionamento.
Ascensor - dispositivo que, engatado à
corda, permite deslocamento em corda fixa, içamento de cargas e auto-segurança.
Auto-resgate - conjunto de técnicas que permitem a
evasão da via em uma situação de emergência.
Backup - ponto de ancoragem extra,
necessário para a segurança do escalador caso um dos ascensores se solte.
Descensor - dispositivo que permite ao
escalador descer deslizando pela corda. Alguns servem também para a segurança
do praticante.
Linha de vida - cabo ou corda (horizontal ou vertical) no qual o
profissional é fixado através de um trava-quedas ou blocante, a fim de bloquear
eventuais quedas.
Mosquetão - anel metálico, em forma de
"D" ou "O", que possui em um dos lados um segmento móvel,
chamado de gatilho, que abre para permitir a passagem da corda. Há também
mosquetões com trava, para evitar a abertura acidental do gatilho.
Posicionamento - ação de posicionar-se no ponto
de trabalho, fixando-se através de talabarte ou corda, para execução de
atividade.
Talabarte - dispositivo de ancoragem que
envolve a estrutura, utilizado para posicionamentos.
Tirolesa - travessia horizontal feita
através de uma corda fixa ligando os pontos de partida e término da travessia
suspensa do solo.
Via - é o local previamente escolhido
para o acesso com cordas.
Conclusão
O Alpinismo Industrial é uma das
técnicas de acesso, que usada como ferramenta de apoio, permite melhor e mais
rápido contato com as regiões a serem inspecionadas. É mais segura e mais
econômica quando comparada, com andaimes, balancins, escadas com corda, e etc.,
além de permitir acesso a locais anteriormente impossíveis pelos métodos
convencionais, considerados difíceis e onerosos. Os pontos fortes que tem
levado a expansão do seu uso: segurança, redução de custo, otimização de tempo,
diminuição do risco de queda devido ao menor número de pessoas e material
envolvido. A técnica não elimina o uso de andaime dentro da indústria, pois
poderá não ser a melhor alternativa para alguns casos na manutenção ou outra
atividade. Porém, dá maior flexibilidade à execução das atividades,
principalmente na inspeção, com respostas mais rápidas e menor custo.
Referências
Catálogo
da Petzl Professional 2000 / português;
NR-18 -
Norma Regulamentadora -18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção;
NR-6
Norma Regulamentadora 6 Equipamentos de Proteção Individual;
NBR 11370
Norma Brasileira Registrada 11370 Cinturão, talabarte e corda de segurança;
NBR-11371
Norma Brasileira Registrada 11371 Cinturão, talabarte, e corda de segurança
Ensaios.
Autor:
Raimundo de Oliveira
Sampaio
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO Alpinismo industrial é muito importante hoje!
ResponderExcluirOlá, boa tarde.
ExcluirSim Mailson, é muito importante por diversos fatos, mas o principal é a minimização das estatísticas com quedas em altura.
O alpinismo industrial, é a forma mais rápida, segura e custeio de equipamentos pois ao início da atividade, o colaborador já inicia atracado ao acesso por corda.
Saudações,
Equipe LINHA DE VIDA
também trabalho com Alpinismo Industrial no Rio de Janeiro, esse nosso ramo está crescendo muito e hoje no Brasil toda empresa precisa deste tipo de serviço.
ResponderExcluirAbraço